sábado, 8 de outubro de 2011

Capítulo do Meio



É a pior morte, a do amor. Porque a morte de uma pessoa é o fim estabilizado, é o retonro para o nada, uma definição que ninguém questiona. A morte de um amor, ao contrário, é viva. O rompimento mantém todos respirando: eu, você, a dor, a saudade, a mágoa, o desprezo ― tudo segue.E ao mesmo tempo não existe mais o que existia antes. É uma morte experimentoas: um ensaio para você saber o que significa a morte ainda estando vivo, já que quando morrermos de fato, não saberemos.

Então é isso que começo agora, minha trajetória de morta-viva, com algumas horas morta, outras mais vivas, dependendo do que me chega, se um convite para sair ou uma lembrança corrosiva que abate e me destrói. A cada meia hora, um estado de espírito diferente. À noite, meu cansaço é igual ao de um maratonista, é como se eu tiovesse atravessado dezenas de quilômetros, entre subidas e descidas. Mas, ao contrário do que acontece nas ativbidades físicas, as descidas são as que mais consomem minha energia.


"Ele está morto. Ela aos ais
Mas neste lúgubre assunto
Quem fica viúvo é o defunto
Porque esse não casa mais."


Os versos de Mário Quintana tentavam me explicar que o amor termina apenas para aquele que morre: quem sobrevive dedica-se a um breve luto e depois volta pra casa ― e voltar pra vida quase sempre significa voltar a amar.



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