terça-feira, 30 de agosto de 2011

Às vezes eu acho que isso nunca vai passar



Como tudo pode mudar tanto, tão depressa? Ora, você sabe muito bem que não foi de uma hora para a outra. Pois pra mim foi. Você que não quis ver. Você que não quis deixar. Ora, aceite e ponto final, pois assim faz-se a vida, em chegadas e partidas. Não, não aceito, posso respeitar, mas aceitar jamais. O que ganha com isso? A certeza de que fiz tudo que pude, até o fim. E mudou alguma coisa? A mim sim. O que? A certeza de que fiz tudo que pude, até o fim. Ora, não seja tão tola, acha mesmo que isso vai trazer de volta? Não acho nada, sempre tive tanta certeza de tudo, quando na verdade tudo não passada de uma ilusão com medo do que de fato esse tudo poderia ser. Não percebe que assim te machuca mais e mais? Eu me machuco? Sim, não vê?! Não há dor maior do que a dor do abandono. Ora, não veja dessa forma, foi melhor assim. O que você sabe de "melhor"? Eu sei. Sabe. Sei. Sabe do seu melhor, não do meu... não tente responder por mim. Não tento. Não só tenta como está fazendo, pare já com isso. Eu quero ficar sozinho. Eu quero ficar junto. Você não pode querer nada. Nem você. Preciso ir. Não. Preciso. Não, "quer". Quero. Nunca.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Vivo com essa sensação de abandono, de falta, de pouco, de metade. Mas nada disso é novidade. Eu não sei deixar ninguém partir, eu não sei escolher, excluir, deletar. São as pessoas que resolvem me deixar, melhor assim, adoro não ser responsável por absolutamente nada, odeio o peso que uma despedida eterna causa em mim. Nada é eterno, não quero brincar de Deus.


—Tati Bernardi.









Mas, sinceramente?











não vim até aqui pra desistir agora.


Roda Viva

Eu costumava pensar que estava certa dos meus limites sentimentais. Deveria estar. Já havia passado por uma situação parecida. Mas não, é claro que não. Como diz a música "se a gente entendesse que há um ciclo no amor, começa com pela cura, mas termina com a dor". Mas a cada nova virada de esquina na vida, a roda viva roda e muda tudo de lugar.

Li um texto sobre ciclos que ecoou na minha mente por toda a semana que se passou. Dizia:  "sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final". Difícil disso é aceitar. É duro, frio, escuro, doloroso. Dá a sensação de eternidade, como se aquele mergulho nos sentimentos mais profundos de nós mesmos jamais fosse voltar à superfície. O tempo não passa em dias, passa em horas, minutos, segundos. Às vezes não passa. Algo muito intenso toma conta de nós. Nos cega, nos deixa surdos e quando há pequenas manifestações, transformam-se em grandes discursos cuspidos no chão. Você ouve "foi melhor assim". E quem sabe o que é melhor? E quem sabe o que há por vir? E quem sabe o que foi? Nem nós mesmos... "Foi melhor assim" é uma tentativa clichê e barata para fazer as pessoas se sentirem "menos pior", "menos culpadas", "menos transtornadas". 

Culpa. Taí outra coisa que ecoou em mim. E se? E se nós tivéssemos sido mais pacientes? E se tivéssemos guardado as reclamações dentro de nós mesmos? E se nunca tivéssemos jurado amor eterno? Eu lembro dessa parte... lembro de não querer fazer planos, de não querer assumir responsabilidades vitais... mas e quem consegue concluir tal tarefa quando o amor brota bem diante dos seus olhos? Errei. Fui controladora, questionadora, ansiosa demais. Errou. Jogou-me fora com todas nossas histórias e construções. Nunca dei-lhe o castigo do abandono. Nunca teria sido capaz. Te tornas, então, mais corajoso que eu por conseguir? Ou seria "covarde" a palavra certa? Isso não importa mais. Isso não muda mais nada.

As flores do meu jardim andam florescendo. A chuva anda limpando os estragos. As palavras grudam-se nas paredes demolidas. Ainda dói. Ainda sinto. Ainda sofro. Ainda não durmo bem. Ainda não como. Lembra quando li meu primeiro texto "feminista"? Mesmo detestando a autora, tu concordou na parte "o amor é a maior força que há no mundo mas o tempo é um adversário a altura e com ele, ninguém pode". O tempo. A vida. Vamos culpar qualquer coisa que não nós mesmos.

O povo já se cansou de tanto o céu desabar. Meu coração entregou-se à tempestade... mas a chuva já passou por aqui e eu mesma cuidei de secar.

Deixa pra lá, eu vou. Adeus.


sábado, 27 de agosto de 2011


"Eu não acredito nessa revolução sexual. Isso é uma farsa para as mulheres acreditarem que estão dominando a situação, quando, na verdade, os homens acham ótimo não precisar fazer mais nada."


― Natália Klein

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Honestamente



Queria te dizer que eu sinto a sua falta, que quero você comigo quando chove forte ou quando faz frio. Que tenho medo de tempestades e ventanias e que lá fora o vento faz barulho enquanto balança as copas das árvores para lá e para cá. Queria te dizer que carrego uma tempestade comigo. Essa tempestade faz meus sentimentos irem para lá e para cá enquanto o que eu penso faz barulho aqui dentro de mim.

Só queria que você soubesse que fui mais sincera com você do que fui comigo mesma durante toda minha vida. Que te quero livre, que te quero bem. Eu sei, você me pediu para esperar, pra pensar... esperar para um dia ser. Queria te dizer que eu me perco enquanto você se confunde, mas que eu nunca me senti tão perdida e ao mesmo tempo tão certa de que esse é o caminho certo a seguir. 

Me desculpe se eu não souber ser paciente ou não achar palavra para definir todas as coisas que eu não digo. Só te escrevi porque queria te dizer que não quero você longe e não posso deixar que você se perca de mim. Escrevi porque você disse que sou boa com palavras. Só acho uma pena que não seja assim quando tento tirá-las do papel.






from here 

Para o meu passar

Há mais ou menos um ano, eu voltei a fazer análise. Dentre os vários - VÁRIOS - motivos que me levaram a deixar grande parte do meu contracheque na mão de um homem que passa quarenta minutos por semana me ouvindo reclamar, está um sonho. Não do tipo Martin Luther King. Era só um sonho recorrente que eu costumava ter.
Um belo dia eu abria uma das gavetas do armário e encontrava um gato de estimação que eu não via há anos. Era como se eu o tivesse esquecido ali, sufocado. A sensação era horrível. O gato, ainda filhote, não tinha crescido quase nada, me olhava com ódio. E fazia aquele som detestável que os gatos fazem quando estão prestes a atacar.Como eu pude esquecer meu gato na gaveta?, eu pensava durante o sonho, que parecia muito real.Mas foi só durante uma das sessões que a ficha caiu. É claro que no fundo eu já sabia. Meus sonhos são sempre ridiculamente simbólicos. "O gato é você, Natalia", disse o psicanalista. E eu tive um pouco de vontade de chorar. Mas em vez disso, respondi "ah, brigada, são seus olhos".Então eu me pus numa gaveta?, pensei, cerca de quarenta minutos depois do insight. Mas que parte de mim?, argumentei comigo mesma. Afinal, eu tenho quase 1,80m, não caberia toda lá.Foi aí que eu me lembrei de uma história que minha mãe sempre conta. Sabe aquela cantiga, "se essa rua fosse minha"? Quando eu eu tinha uns três anos, eu cantava o final errado. Eu esquecia o amor.


Se essa rua, se essa rua fosse minha
Eu mandava, eu mandava ladrilhar
Com pedrinhas, com pedrinhas de brilhante
Para o meu, para o meu passar
.



Eu achava essa história absurda, até que assisti um vídeo de quando eu tinha uns três anos. Cantando essa música. Sem o amor.Num primeiro momento, isso pode soar meio triste. Mas se você pensar bem, tem lá sua dignidade. Quer dizer, você procura uma rua, faz ela ser sua, manda ladrilhar, e aí os pedreiros não aparecem, então você tem que ladrilhar tudo sozinha, com pedrinhas de brilhante ainda por cima, e tudo isso pra quê? Pro seu amor passar?Não, amor. Vai procurar a sua própria rua. A gente se vê no cruzamento.Eu sei o que eu quero desde que eu tinha três anos e cantava errado. Eu nunca sonhei com o amor. Só com o meu passar. Numa rua com pedrinhas de brilhante.E embora continue fazendo análise, nunca mais tive aquele sonho com o gato na gaveta.


robei daqui ♥

terça-feira, 23 de agosto de 2011



Assim que o dia amanheceu, lá no mar alto da paixão, dava prá ver o tempo ruir. Cadê você? Que solidão! Esquecera de mim? Enfim, de tudo o que há na terra, não há nada em lugar nenhum que vá crescer sem você chegar. Longe de ti tudo parou... Ninguém sabe o que eu sofri... Amar é um deserto e seus temores. Vida que vai na sela dessas dores. Não sabe voltar. Me dá teu calor... Vem me fazer feliz porque eu te amo! Você deságua em mim e eu oceano... E esqueço que amar é quase uma dor... Só sei viver, se for por você!


Divã

A fonte, as revistas, a meia luz são um convite à abertura de si mesmo. Na sala de espera, parece que o tempo simplesmente parou lá fora. Lá fora, vista para prédios altos e sem janelas. O som alto do rádio bloqueia que se escute a sessão alheia. Os quadros na parede nos envolvem de tal forma que quase saímos de si. Tem aquele azul, parece o tubo de uma onda turbulenta e tranquila, que nos faz mergulhar fundo em si, mas sem deixar escapar um borrão vermelho enorme que cobre metade da obra. E há o da ruela... às vezes parece na Bahia, às vezes parece Veneza, às vezes parece lugar nenhum. É um amontado de casinhas que seguem os contornos da rua até fechá-la completamente. E então ouve-se um "fica bem, até logo" e a porta que antecede a porta de saída é aberta. Você fica na dúvida se olha pra quem está dali saíndo ou se "repeita" sua identidade e privacidade. Vai que é alguém conhecido que não quer ser visto, não é? E então a terceira porta se abre e lhe convida a entrar. O convite vai muito além de entrar numa sala, é um grito urgente para você mergulhar em si mesmo em qualquer uma das 3 opções para acomodar-se. Há muitos abajures. Há uma escrivaninha bagunçada, com aquele luminária verde horizontal que lembra filmes antigos sobre escritores famosos. Há um divã. Há um sofá. Há uma cadeira. Há uma caixa de lencinhos. Um convite para chorar. Objetos extremamente pequenos. Uma decoração que se encontra, de tanto se perder. E há alguém ali na sua frente, que não te conhece mas que na primeira palavra que você falar, ela saberá dizer-lhe quem és. Por um minuto dá a sensação de estar pagando por algo plastificado, assim como aqueles "personal stylist", "personal organizer"... e você parece estar caindo na onda europeia da absurda ideia do "personal friend". Não. Para com isso. É um profissional. Não um charlatão. Alguém que estudou muito para ajudá-lo a compreender a complexidade da vida. Então, em poucas palavras, eu começo a contar dos acontecimentos que evoluem até virar um caminhão descarregando areia depois de atravessar o Brasil. Ela pede pausa. Pausa para falar. E fala e pergunta e questiona. Responde as tuas respostas. Responde as tuas perguntas. É um diálogo rápido. Diabolicamente, ela entrou em você como se tivesse visto você nascer, convivido integralmente na sua casa e visto e sentido tudo que se passa dentro de você. Acabou a sessão. "Mas como?" você se perguntará, pois a sensação é de ter sentado ali a 10 minutos atrás. Acabou. Como tudo acaba. Mas na próxima sessão tem mais. E então ela troca o band-aid, como ela mesmo descreveu. Amarra forte as ataduras, recomenda diversos tipos de "remédios", lhe dá alta, mas só até a próxima. Abre a porta e você, com vergonha e com vontade de ver e ser visto por quem já está na sala de espera, não presta mais atenção no que ela diz. Agradece. E não olha pros lados. Segue reto até a porta de saída. Para na frente do elevador. E suspira.


Bum! A casa caiu, explodiu, espatifou-se, veio abaixo, foi pelos ares, já era. Será?


Sem o menor sentido









segunda-feira, 22 de agosto de 2011





"desejo que você tenha a quem amar e quando estiver bem cansado, que ainda exista amor pra recomeçar!"

sexta-feira, 19 de agosto de 2011


"Remar, re-amar, amar! Mesmo se esse barco estiver furado."

O Depois



Nunca sofri um acidente de avisão, mas já ouvi relatos de sobreviventes. Eles percebem a perda da altitude, a potência enfraquecida das turbinas, o desastre iminente, até que acontece a parada definitiva da aeronave e ouve-se um barulho fora do normal, algo verdadeiramente assustador. Então, após o estrondo, sobe do chão um silêncio absoluto. Por alguns segundos, ninguém fala, ninguém se move. Todos em choque. Não se sabe o que aconteceu, mas sabe-se que é grave. Alguma coisa que existia não existe mais. É a quietude amortizante de quem não respira, não pensa, não sente nada ainda.

Só então, depois desse vácuo de existência, desse breve período que niguém tem cereza se está vivo ou morto, começam a surgir os primeiros movimentos, os primeiros gemidos, uma sinfonia de lamentos que dará início ao que está por vir: o depois.




terça-feira, 16 de agosto de 2011

Sobre não te procurar



E não quero mesmo. Eu quero é te encontrar. No portão branco da minha casa, às 7h da manhã de um sábado ensolarado. Na minha cama de domingo, brigando por ser acordado, mas sorrindo pra mim quando vê aquele copo enorme de nescau que eu preparei. Do meu lado na praia, olhando as ondas quebrando forte da Joaquina. No meu lado no cinema, pra segurar minha mão no filme de terror. Do meu lado nas ruas movimentadas de Porto Alegre, pra apreciar comigo as diferentes formas de vida. Do meu lado nas ruas tranquilas, aprecisando e sonhando com as casas que se vê. Do outro lado da tela, como sempre foi. Do outro lado mesa, elogiando mesmo quando a lasanha não tenha dado certo. Sentado na cama, atrapalhando a hora de arrumar o quarto porque queres me mostrar a nova música que compôs. Correndo comigo pelas noites escuras, no final do Sábado, pra imitar aquela cena do filme. Cantando pra mim, como se precisasse pra me encantar mais. Passando o texto, mesmo quando eu não aguento mais. Mostrando suas novas aventuras como fotógrafo, num lugar aonde nós ainda vamos estar. Juntos. Isso é o que eu quero. Estar junto à ti. Tentar encontrar uma maneira que me faça não te procurar é negar a minha própria existência que há tempos tem sido contruída do teu lado, por idas e vindas, por amor e por ódio, mas sempre juntos. E mesmo que me diga que queres ir embora, eu sei que não é verdade. Eu sei que o que queres é esse tempo bom, multiplicado por todas as vezes necessárias pra torná-lo presente, novamente. Não há amigos. Não há inimigos. Não há ninguém. O silêncio da minha casa grita tanto pela tua falta que não consigo mais dormir. Meu corpo sente que o pedaço arrancado, sangra mais que uma hemorragia. Não como. Não respiro. Não vivo. Penso a todo momento em ti. Espero que esteja fazendo o mesmo. Tento procurar teus amigos, teus parentes, as pessoas que te cercam, pra me ajudar... mas não, eu sei que não queres que eu faça isso. Planejo mentalmente milhares de novas formas de relação, coisas que nos fariam crescer, que nos fariam ser alguém muito melhor. Mas você não quer mais ouvir. Nem você, nem ninguém. Acho que nunca me senti tão sozinha. Há tempos atrás, sintia solidão, mas nada que pudesse ser comparada à essa invasão escura que tomou conta de mim. Tomei decisões que me fazem mudar completamente de vida e, por instantes, me sentia a pessoa mais realizada do mundo. Porque eu tava lá, do teu lado, com todo teu apoio, com todas tuas frases me chamando de "meu amor". É isso que és pra mim. Nada além disso que eu faça ou fale, vai ser maior que esse sentimento. Tu és o meu amor. Por favor, não vá embora.





segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Amores Impossíveis


Impossível é enganar a morte. Impossivel é vestir uma calça 36 depois dos 25 anos de idade. Impossível é não fazer careta comendo chouriço. Isso é impossível. Amores, não.
Amores impossíveis não precisam de tempo, de paciência ou de remédio. O que eles precisam é serem encarados como verdadeiramente são: Amores que não querem acontecer.
O que ocorre é que é mais bonito culpar o pobre do amor do que os envolvidos nele, ou na falta dele. Ninguém escreve livros ou faz filmes sobre pessoas com preguiça de amar. A verdade não vende. As pessoas querem sempre comprar a dor. Por mais mentirosa que a causa dela seja.
E coitado do amor. Não tem nada a ver com isso e sempre acaba levando a culpa. Tá ele lá, super disposto a nascer mas sem ninguém disposto a parir.

Quem já amou sabe o quão possivel o amor é. Quem não amou, sabe o quão acomodado ele pode ser. Ninguém tira a bunda do sofá por amores que se esqueceram de acontecer. Só o amor e o ódio movem. O desamor acomoda.
É ruim pro ego aceitar que aquela pessoa que você amou, não estava tão disposta a amar você de volta, e então você procura novos culpados. Culpa o amor, nunca o amado. Culpa Deus, que nem existe, mas tá lá levando a culpa também. Culpa a vida, que de alguma forma te avisou – ela sempre avisa – mas você resolveu não considerar. Culpa até mesmo você, mas o amado não. O amado é intocável. Ninguém pode culpá-lo de nada. Nem você. O amado tem a licença não tão poética assim de quebrar seu coração quantas vezes você deixar, e quantas não deixar também. O amado pode impossibilitar o possível, seja por preguiça, por capricho ou por falta de amor. Ele pode se retirar e voltar à cena quantas vezes e quando quiser, e você que antes era diretor, vira espectador da sua própria vida.
Os amores mentirosamente impossíveis são o que fazem valer a pena esse lance de amor. A graça do amor é sofrer por ele. A graça do amor são as madrugadas chorando no chão da cozinha, para no dia seguinte enxugar as lágrimas e ir em busca de um novo amor fresquinho, saindo do forno. A graça do amor é se quebrar e se reconstruir para depois se quebrar novamente. O amor é contrário a ele mesmo. Tá ruim, mas tá bom. Dói, mas conforta. É amargo, mas é doce. É vilão, mas é mocinho. Mas ele é possível. O amor é sempre possível.




tirei daqui.

domingo, 14 de agosto de 2011

Melhor grifar tudo de uma vez...

Todo artista precisa de um agente.
Todo artista precisa de um amante.
Todo artista precisa se sentir livre.
E essa liberdade deve ser seguida fielmente, pois só assim ele poderá ser tudo o que lhe fora solicitado. Ele precisa de alguém que o deixe ser como ele quiser, alguém mudo, que não interrompa seus sonhos, alguém estático e vulnerável, que mude apenas quando ele o quiser mudar, alguém que o faça rir quando ele precisar rir, alguém que nunca o faça chorar, pra não marcar linhas de expressão no rosto. O artista não pode viver em uma prisão. O artista não pode cumprir horários com mais ninguém. Ele é ele só, como a música diz. Quando ele nasce, no lugar mais profundo da alma ele já pode sentir que vai ser assim e não há forma alguma de andar ao seu lado. Ele pode ser rápido demais ou terrivelmente estático. Ele pode ser amante vitalício, mas só até a próxima semana. Pode ser um cafona mulherengo (e essa pode ser pra sempre). Seja lá o que ele "precisar" ser, essa consciência faz você entrar numa dança que parece ser sem saída, a ponto de perder a noção entre o que é certo e o que é errado. Aí você vai percebendo coisas que nem ele mesmo percebe e se dando conta de que é hora de ir embora. Ele não vai entender agora, talvez nem amanhã. Mas chegará o dia em que ele irá concordar que foi melhor assim. Não se pode conviver com alguém tão inconstante, não se você também não for. E aí, ele vai achar que é tudo culpa da profissão que ele escolheu e não, não é nada disso - você dirá isso à ele para não preocupá-lo mais ainda. Ele também irá chorar, também irá sentir saudade, mesmo que só no seu mais íntimo e que, para esconder isso, ande por aí, esbanjando felicidade e sucesso. Mas você, você que precebeu o quão mais importante era se afastar, vai sofrer muito mais. Como se vê-lo feliz longe do seu alcance de sentir tal, sangrasse mais que uma hemorragia. Você vai viver em constante agonia de querer saber como vão as coisas e pior, vai saber que "amizade" é impossível. Todos os adjetivos que foram usados contra você por ele e pelos próprios amigos dele tomarão conta dos seus pensamentos e você, entre sentir falta, vai também ficar com raiva, de você mesmo, de ter sido tão burra e infantil, a ponto de não perceber os sinais. "Ele nunca foi pra você", eis que sempre lhe alertaram suas amigas. "Desiste", "esquece", "vamos beber tudo que não se bebeu!", dirão os dele para ele. E a vida vai passar, assim como os dias. Cada um na sua cidade, cada um com a tua sorte (ou com a falta dela). O tempo vai passar - uns dias, 1 mês, 2 meses, 1 ano ou só até o fim do ano) - e os dois já estarão conformados. A festinha será guardada, os presentes, enviados pelo Sedex. E o coração... bem, ele já não existe mais.

sábado, 13 de agosto de 2011



"E a saudade é um lugar que só chega quem amou."


Amor Neon



Eu estava lá ontem, mas só fisicamente, minha alma vagava por outro lugar. Bebi pra tentar esquecer mas todos os casais resolveram amar-se bem na minha frente. Cantei pra tentar esquecer mas todas as músicas romanticafonas a banda resolveu tocar. Inclusive aquela nossa. Têm certas coisas na vida que não se esquece e daquela música, que diz tanto - e no fundo não diz nada - nunca vai sair da minha cabeça. Frases de consolo ditas no meu ouvido não me faziam esquecer de nada, muito pelo contrário. Te vi em muitos rostos. Te vi em muitos beijos. E chorei ali, baixinho,  lendo mensagens velhas. A nostalgia de pensar no passado - 2 dias atrás é passado? - tomava conta de mim que permaneci sem me mover. Vaguei por entre os caminhos tão conturbados da minha mente que a pouco haviam se organizado. Me senti sozinha de novo. Aquela tristeza, aquele vazio de pensar que se é nada quando um dia foi tudo... e é ali, resumida no nada dessa vida incompreensível que, atordoada, eu resolvi te ligar. Não. Tu não gosta de ser acordado. Era tarde, provavelmente já estava no teu sono mais profundo. Respirei fundo as lágrimas que quase caíram dos meus olhos e pensei em não pensar. Mas só de pensar, já lembrou. O amor é uma festa. De vez em quando inclui ressaca. E eu vivi ali, no meio de outra. Exageradamente, eu quero cantar o amor antes que o amor acabe e fiz isso e pensei mais em ti. Pensei nas mudanças que tu insiste em negar. Mas sim, nós mudamos sim, de vida, postura, cidade, sentimento.. A diferença é que eu mudei por ti, achando que fosses mudar por mim. Mas é claro que a vida ia se vingar de mim. E da forma mais lógica.



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Nunca Sempre Nunca

(Silêncio)

— Mas não seria natural.
— Natural é as pessoas se encontrarem e se perderem.
— Natural é encontrar. Natural é perder.
— Linhas paralelas se encontram no infinito.
— O infinito não acaba. O infinito é nunca.
— Ou sempre.

(Silêncio)

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Desencontros Senti-Mentais

A alma é o que há de mais caro e precioso, mas o corpo é o que há de mais belo. É o espírito manifestado em algo concreto. Meu espírito é campesino. Alguma coisa se move muito fortemente dentro de mim quando eu tô num ambiente natural, acontece uma ampliação das minhas vontades de vida. Mas eu não nego a cidade, não tem como abrir mão desse trânsito e acho que meus sentimentos se propõem à isso. 

(...)

Ao mesmo tempo que sinto urgência de conhecimento e de interação com as coisas do mundo, eu sinto que a vida precisa equilibrar esse seu aspecto com imersao em uma tarefa que demande muito do seu tempo.
Se anda para frente, mas também se anda para trás, são movimentos constantes que costuram e descosturam nossos laços vitais. É uma metáfora para o andamento da vida e pro desdobramento do tempo. Eu tô certa de que algo luminoso vai se revelar.





segunda-feira, 8 de agosto de 2011

LevaR



Não me leve a mal
Me leve à toa pela última vez
A um quiosque, ao planetário
Ao cais do porto, ao paço
O meu coração, meu coração
Meu coração parece que perde um pedaço, mas não
Me leve a sério
Passou este verão
Outros passarão
Eu passo
Não se atire do terraço, não arranque minha cabeça
Da sua cortiça
Não beba muita cachaça, não se esqueça depressa de mim, sim?
Pense que eu cheguei de leve
Machuquei você de leve
E me retirei com pés de lã
Sei que o seu caminho amanhã
Será um caminho bom
...
Não me leve a mal
Me leve apenas para andar por aí
Na lagoa, no cemitério
Na areia, no mormaço
...