quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Frase do Dia nº100




Mas eu não sabia que se pode tudo, 
meu Deus! 



clássica.



2a.m


"Não tem o que fazer, não tem o que dizer, não tem o que sentir. Sou uma ferida fechada. Sou uma hemorragia estancada. Tenho medo de deixar sair uma letra ou um som e, de repente, desmoronar.


"Não consigo aceitar nenhum tipo de amor porque nenhum tipo de amor me parece do tamanho do buraco que eu me tornei. Se alguém me abraçar ou me der as mãos, vai cair solitário do outro lado de mim.


"Se eu pudesse usar uma metáfora, eu diria que tiraram as rodinhas dos meus pés. Eu deslizava pelo mundo. Era macio existir. Agora eu piso seco no chão, como um robô que invadiu um planeta que já foi habitado por humanos. Mas eu não posso usar metáforas porque seria drama, seria dor, seria amor, seria poesia, seria uma tentativa de fazer algo. E tudo isso seria menos.


"Não briguei mais por você, porque ter você seria muito menos do que ter você.


"Não te escrevo porque nada mais tem o tamanho do que eu quero dizer. Nenhum sentimento chega perto do sentimento. Nenhum ódio ou saudade ou desespero é do tamanho do que eu sinto e que não tem nome. Não sei o nome porque isso que eu sinto agora chegou antes de eu saber o que é. Acabou antes do verbo. Ficou tudo no passado antes de ser qualquer coisa. Forço um pouco e penso que o nome é morte.

"Eu sem nome você. Eu sem nome nós. Eu sem nome o tempo todo. Eu sem nome profundamente.


Tati, é claro.


O que fazer quando definitivamente não se sabe o que fazer




Vou senti falta dessa mesa que não usei o bastante. Vou sentir falta dessas janelas largas que não usufruí o bastante. Vou sentir saudade dessa vista que não olhei cada centímetro com atenção o bastante. Vou sentir falta de coisas que nem me dou conta agora e que, daqui a alguns dias, não terão sido o bastante. As tele-entregas poderão me acompanhar, mas o viaduto não. O movimento continua por perto, mas a avenida não. As padarias existirão, mas a favorita não. Muitas coisas mudam e eu cada vez mais tento aceitar a ideia de que tudo, tudo, completamente tudo muda. Ou vai mudar um dia. Eu não sou a mesma do mês passado e - espero - não serei a mesma mês que vem. As pessoas crescem - ou deveria crescer. As oportunidades surgem. E se vão. Os dias vêm, mas acabam. O Sol bate forte, mas eu preciso terminar minha pauta. As flores cor-de-rosa-digna-de-fotografia caem enquanto eu passo pelo parque que sempre quis entrar e sentar, mas eu preciso voltar ao trabalho. Meu irmão cresce e eu não presencio. O amor reaparece e eu não me agarro. O ódio vem e eu não o mando embora. Sinto forte movimentos pela frente, sinto o fim de um ano completamente transitório chegar, sinto a novidade, o desconhecido, o pânico e o fervor do meu sangue borbulhar dentro de mim. Caminho e penso em sete temas diferentes pra escrever, mas sento e não consigo redigir nem uma frase. Ligo e penso em não ligar, mas só me arrependo depois de dar tchau. Gasto tentando encontrar meu dever de não consumir, mas me faço vítima e doadora da minha própria felicidade de plástico. Encontro novas relações miojo, mas só até o dia seguinte. Tenho super ideias, mas minha boca não consegue abrir nem para bocejar no brainstorm. Quero, mas sei que não posso. Falo sem pensar. Penso sem falar. Sinto sem existir. Vejo onde não há. Como seria possível ter um céu azul, se estou no escuro? Seria possível ainda ser você, se nem eu mesma sou mais eu mesma? Desconheço o território a minha frente, mesmo sendo as mesmas calçadas-com-pedras-soltas de todos os dias. Testo novos sabores, mas me desperta a gastrite. Vou além do que posso e me surpreendo. Sou capaz de ouvir novamente. Sou capaz de ser gentil novamente. Sou capaz de estar aberta a novas coisas novamente. Mas continuo insatisfeita com o background do twitter, a capa do facebook, os namorados apaixonados sempre se beijando na minha frente, as velhinhas demoradas na fila, a fila do banco, a monitora da minha turma, os porteiros do meu prédio, as pedras soltas na rua, o frio, a solidão, a azia, a gastrite, a comida, a corrida, as cores, os amores. Percebo que foi e continua sendo mais fácil reclamar, mesmo sendo verdadeiramente grata às conquistas que eu mesma ganhei, que eu mesma desbravei, que eu mesma venci. Bato forte no peito o orgulho de ser quem eu sou, do jeito que sou, do tamanho que sou, na verdade que sou, pelo fato de ser a cada dia mais forte, pelo fato de ter chegado ao ponto de que as únicas pessoas que quero surpreender são meus pais e meu chefe. Eu só ainda não posso responder do que é feita a vida, mas posso dizer o que a vida fez de mim.


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

3




Não consigo entender
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo é muito comprido
A morte não tem sentido
Teu olhar me põe perdido
Não consigo medir
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo, quando é que cessa?
A morte, quando começa?
Teu olhar, quando se expressa?
Muito medo tenho
Do tempo
Da morte
De teu olhar
O tempo levanta o muro.
A morte será o escuro?
Em teu olhar me procuro.
 
Paulo Mendes Campos








domingo, 19 de agosto de 2012

Let's make it saturday forever





O Fim do Fim



É domingo. Pela natureza, uma força escura que refere-se à massa cinzenta de uma nova semana se aproxima. Mesmo que sua tentativa de lutar contra essa presão seja válida, nada muda a fatalidade de um fim de semana chegar ao fim. Aproxima-se à dor do fim de um dia no parque, o fim do filme preferido, o fim das coisas naturais da vida. Pode até ser visto como exagero por alguns, mas o domingo é um dos piores dias de uma semana. Entre o fim, há o começo, a esperança de que segunda-feira "tudo pode ser diferente". Começa-se uma nova dieta, planeja-se caminhar mais do que andar de carro, fazer mais coisas que tornem o tempo mais produtivo e menos sedentário. É paradoxal que este fim coloque-se tão distante de um outro mesmo fim, que igualmente caracteriza-se pelo fim de uma semana que passou. O fim de semana. Talvez um dos únicos fins almejados, o fim de semana é a calma na alma, o sopro no teu vestido, a Lua sorrindo no céu. O fim de semana é a excitação da novidade, do inesperado - ou do planejado. O fim de um fim de semana é só mais um fim, um novo eu em mim.


terça-feira, 14 de agosto de 2012

Trezentos e Sessenta e Seis

Não me importa o que digam. Muito menos o que pensem. Sinto vontade e necessidade de contar o que sinto e como nunca houve - e nem haverá - nada que impossibilitasse de expressar-me, assim farei.

Aconteceu como já sabíamos que aconteceria. Nós e todos aqueles que nos cercavam, fossem eles próximos ou distantes. Aconteceu na pior data, do pior mês, no pior ano que já presenciei nesta vida. Treze. É provável que não saiba, mas em mim faz-se marcada feito tatuagem. Um domingo mórbido, afogado no fundo de um poço escuro e sujo, que aumentava sem parar devido ao grande número de lágrimas que jorravam dos meus olhos. Não poderia ser verdade. Mas era. Não poderia ser definitivo. Mas foi. E desde então, tu te mantém intacto sobre o maior pódio da minha vida, a referência amorosa mais forte e presente de todas. É quase inacreditável. E inaceitável. Fomos vítimas de nós mesmos. Da nossa imaturidade, infantilidade, incapacidade de relacionar-se de forma coerente. (Mas e existe coerência no amor?). Era mais que amor. Era paixão, obsessão. Era tanto naquele nada. Era vazio e frio. Era um barco sem controle numa tempestade. Era vermelho feito sangue que escorria, doído, do meu coração. Era nada. A vida só se fazia em mim quando me tocavas. Juntos, éramos a materialização de duas almas carentes de vida. Juntos, éramos só nós. E eu. E tu. Mas era muito. Overdose. Era mais do que chegada a hora de partir. Nós sabíamos disso. Ainda sabemos. Tu foste o mais corajoso e mais forte. Tomaste o caminho oposto ao meu, e eu, cega, quase sem vida, corri pra tentar te alcançar. Quando cansava e virava um dos pés para o outro lado, tu vinha pra me fazer relembrar da tua existência - como se fosse possível algum dia da minha esquecer. Por que nos envolvemos tanto? Por que sentimos o que foi sentido? Haviam tantas pedras no caminho, tantas dificuldades... Por que não pensamos? Como tudo um dia pode parecer ser tão fácil? Permaneci buscando tua alma perdida da minha, o pedaço de mim arrancado como se alguém tivesse me levado um rim. Tu era meu. Meu melhor amigo, meu amante, meu namorado, meu confidente, meu sonho, minha realidade, meu choro, meu suor, minha febre, meu sorriso, minha vontade de acordar. Mas o amor é privilégio dos adultos, daqueles que sabem como agir sem estragar tudo, sem perder, sem machucar. Nós não soubemos preservá-lo - mesmo que eu ainda acredite que ele pulse (e forte) dentro de nós.

Demorei pra arrumar aquela gaveta. Passei meses sem encostar naquela câmera. Não encontrava coragem pra recolher tuas coisas espalhadas entre todas as minhas. Abria os olhos de manhã já chorando. Não comia. A declaração escrita atrás da porta do meu quarto continua lá. Intacta. Assim como tantas outras coisas aqui dentro. E talvez, mesmo com tantos tropeços, tantas voltas rápidas, tantas promessas falhas, tantos "não volta" "não tenta" "não perdoa" "não atende", eu voltei, tentei, atendi, perdoei. Errei tanto quanto tu. E herdei esse sentimento de ti. Não guardar mágoas é uma das coisas mais incríveis que eu já aprendi até hoje e foi exatamente tu quem me ensinou - como se já pudesse prever o futuro.

Das muitas perguntas que eu sempre fiz, nunca obtive nenhum resposta. Algumas coisas apenas são e nessa afirmativa eu me sustento. Mesmo que o tempo nos cubra de rugas, eu ainda estarei aqui, assim como aí eu sei que você vai estar. Veja você, nos amamos até o fim raiar. Um ano depois, o que ainda estará por vir? Qualquer coisa, menos o calar. Eu espero que esteja feliz nessa nova realidade, que as pessoas ao teu redor possam cuidar de ti como eu não mais posso e que possam te fazer sorrir o dobro de vezes que eu te fiz chorar. A tua felicidade, hoje, é o preço alto que eu pago por ter te visto partir. E, assim, quem sabe, um dia, há de realizarmos as sacolas do Zaffari sobre a mesa, duas bicicletas escoradas na parede, o João e a Maria, nossa viagem de carro pelos EUA e tantos outros planos ainda não realizados. Até lá, não se esqueça de mim, nem da nossa história e continue a espalha-la como se fosse a maior e mais linda história de amor da tua vida. E que parte de ti acredite que ela é mesmo. E que continues a tocar violão na sala, como sempre, mesmo quando eu não estiver mais olhando.


sexta-feira, 10 de agosto de 2012

etnemavon, sueda




É incrível a nossa história
Sem nenhuma prova concreta
Só palavras, que voam com o vento
Imagens que eu guardo na memória
Um segredo inviolável
De uma paixão inflamável
Mas que nunca incendeia
Nem em noite de lua cheia
Às vezes passo dias inteiros
Imaginando e pensando em você
E eu fico com tantas saudades
Que até parece que eu posso morrer
Pode acreditar em mim
Você me olha, eu digo sim
Mas eu nem sei se sofro assim
O que eu quero é você longe de pra mim

segunda-feira, 6 de agosto de 2012



O que eu bebi por você dá pra encher um navio
E não teve barril que me fez esquecer
O que eu bebi por você nunca artista bebeu
Nem pirata bebeu, nem ninguém vai beber
O que eu bebi por você quase sempre era ruim
E, bem antes do fim, eu já tava à mercê
O que eu bebi por você me fazia tão mal
Que já era normal acordar no bidê
Cada dono de boteco e catador de lata
Agora te sorri agradecido
Se o seu plano era contra o meu fígado, meu bem
Você foi bem sucedido
Parabéns pra você.

via @comedienne