sábado, 28 de abril de 2012

Te agarra no papel higiênico!





Morar em um pensionatoé muito contraditório. Vinda da linha "raspei metade do cabelo pra provar que sou rebelde", é necessário alongar as saias, diminuir o decote (de preferência, fazê-lo desaparecer) e entrar para uma disciplina que nucna lhe passou pela cabeça.

Pra quem detestava lavar louça (ódio especial por panelas), a rotina de cozinhar/organizar/comer/lavar/secar/guardar é quase obra de Deus (que, aliás, está de olho aqui por todos os lados). Esse milagre fica quase inexistente quando  a hora de lavar roupas chega. Acha que não? Experimente lavar roupas no 3º andar de um prédio antigo, alto, aberto, em um tanque onde a água vai para todo lugar, menos para molhar a sua roupa. Ok, há uma centrífuga para auxiliar, mas nem pense em jogar sua calça jeans que, molhada, pesa uns 5kgs. Torça até o zíper (e também pra ela funcionar).

Mas, nada disso, nem roupa molhada, nem panela suja, pode ser tão terrível como "precisar" ir ao banheiro à noite. Percebeu a ênfase na necessidade? Isso mesmo, necessidade. E só em casos extremos! Moro em um quarto de frente para uma rua bastante movimentada (aleluia!), porém, o barulho constante engana. Ao sair do quarto, percebo o silêncio absoluto que grita no ar. Pra chegar no banheiro, é preciso passar pelo Corredor Em Forma De "L" do terror. Imendiatamente, o horror se intensifica, mesmo encontrando o interruptor da luz na velocidade da mesma. Mas criaturas sombrias nunca tiveram medo da claridade. Então, eu vou, fazendo o máximo de barulho possível para afastar qualquer assombração. Percorro por dolorosos, internos e eternos 3 segundos até chegar na tão temida Virada Da Esquina Do Corredor Em Forma de "L". Ok. Nada aconteceu. Apenas uma piscadinha para Mr. Jesus pensurado na parede. Passo pelo topo de duas escadas, mas me faço de forte. No banheiro, quando começa-se a sentir o gostinho da vitória... BUM! Dá de cara com o terrível Segundo Corredor De Quartos Do 3º Andar. Esse sim, imenso, escuro, quase sem fim. Procuro resolver-me no banheiro, seio correndo depois da descarga (já percebeu que som aterrorizante?), não ouso olhar para nenhum espelho e quando saio do banheiro de peito estufado... PÁ! Dou de cara com São José no alto de uma coluna de madeira escura que mais parece uma freira estática. Só olho para baixo, aperto firme o papel higiênico para dar coragem e... encontro a paz no meu quarto colorido.

Amém.


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