terça-feira, 20 de dezembro de 2011



XIV

Lilases, Túlio, celebremos
O estarmos vivos, milagre
A que os demais assistem
Distraídos, e nós amantes
Nos sabemos perplexos
Floridos e vorazes
Diante deste banquete.
Vívidos, Túlio, celebremos.
Ao rei dos reis, o poeta pede
Paixão-Eternidade, Virtude
Da Razão, ainda que aos vossos olhos
Tais nobrezas a princípio pareçam
Coisa irreconciliável

Mas o difícil em nós
Se faz ilhaneza, porque o poeta
Pede à divindade. Ouro mais raro
É ouro permissível, se no abismo
Em que vive, coexiste
O envoltório do amor. em nós
Convivem, Túlio, os dúplices
Difíceis. Abracemo-nos. Celebra.
Enquanto estamos vivos.


(Árias pequenas - para bandolim, de Júblio Memória Noviciado da Paixão - Hilda Hilst)


Nenhum comentário:

Postar um comentário