terça-feira, 13 de março de 2012

I heart Me







Eis que sob o Sol de um fim de domingo, embaixo da árvore mais rosada do parque, passa por mim uma menina que mal sabe o quanto me fez pensar. Junto com um cachorrinho, desses típicos de madame, ela, no auge dos seus (no máximo) 16 anos, vestia uma camiseta que provavelmente foi escolhida sem muito olhar, dentre tantas que deve guardar, com os dizeres "i (heart) me". De relance, pensei "lá vem a filhinha do papai, com o cachorrinho da mamãe, tão mimada e egocêntrica a ponto de vestir essa camiseta ridiculamente banal e desfilar com ela por aí". Parei. Analisei-me. Lembrei-me "preciso parar de julgar tão mal as pessoas". Olhei novamente para a menina que, com fones de ouvido e óculos escuros, mal olhava ao seu redor. Então, refleti "eu me amo. Eu me amo. Eu me amo. Eu me amo? Eu? Amo a mim mesma?". Pronto, já sabia sobre o que seria o primeiro relato (de muitos, espero) da vida de alguém que vem desbravar caminhos para começar a própria vida.

Amar-se pode soar feito dos egocêntricos, mas, na verdade, esta é uma daquelas verdades vitais a qual todos deveríamos prestar mais atenção. Na perda de algo que nos trazia conforto e segurança, no distanciamento de alguém que tanto foi e, agora, se foi de vez, acabamos sempre sozinhos. Por mais que saibamos que temos amigos por perto (ou, ao menos, esperamos ter) e família, estamos sempre sozinhos. O ser humanos inventa e reinventa infinitas formas que mascar essa verdade, esse fato que perturba tanto outros seres da nossa espécie. Por isso, corremos atrás de alguém que possa lembrar o quanto somos especiais, inteligentes, bonitos, importantes e esse discurso alheio traz, de certa forma, a segurança que tanto procuramos. Falsa. Uma manipulação bem feita pela nossa mente em conjunto com um outro desesperado qualquer que espera a mesma coisa de você. Estamos sozinhos. Ao descobrir isso, ultrapassar a fase de ódio e indignação, inicia-se a aceitação. Libertadora, descobrimos, ao poucos (e, às vezes, beeeem aos poucos), que podemos preencher espaços que ficaram vazios dentro de nós, que podemos ser nossa melhor companhia, que nós mesmos podemos respeitar nossa dor, nossos dias ruins, nossa bipolaridade perante a vida, sem cobranças, sem compromisso em manter sorrisos amarelos. Descobrir que é possível sim amar a si e ser feliz, mesmo que por partes, mesmo que desacreditando, abre portas e janelas fechadas do caminho, nos injeta felicidade, nos lembra de contemplar uma placa na rua e se sentir inspirado.

É tudo maravilha desse aquário azul. Ame-se.



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