Eu costumava pensar que estava certa dos meus limites sentimentais. Deveria estar. Já havia passado por uma situação parecida. Mas não, é claro que não. Como diz a música "se a gente entendesse que há um ciclo no amor, começa com pela cura, mas termina com a dor". Mas a cada nova virada de esquina na vida, a roda viva roda e muda tudo de lugar.
Li um texto sobre ciclos que ecoou na minha mente por toda a semana que se passou. Dizia: "sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final". Difícil disso é aceitar. É duro, frio, escuro, doloroso. Dá a sensação de eternidade, como se aquele mergulho nos sentimentos mais profundos de nós mesmos jamais fosse voltar à superfície. O tempo não passa em dias, passa em horas, minutos, segundos. Às vezes não passa. Algo muito intenso toma conta de nós. Nos cega, nos deixa surdos e quando há pequenas manifestações, transformam-se em grandes discursos cuspidos no chão. Você ouve "foi melhor assim". E quem sabe o que é melhor? E quem sabe o que há por vir? E quem sabe o que foi? Nem nós mesmos... "Foi melhor assim" é uma tentativa clichê e barata para fazer as pessoas se sentirem "menos pior", "menos culpadas", "menos transtornadas".
Culpa. Taí outra coisa que ecoou em mim. E se? E se nós tivéssemos sido mais pacientes? E se tivéssemos guardado as reclamações dentro de nós mesmos? E se nunca tivéssemos jurado amor eterno? Eu lembro dessa parte... lembro de não querer fazer planos, de não querer assumir responsabilidades vitais... mas e quem consegue concluir tal tarefa quando o amor brota bem diante dos seus olhos? Errei. Fui controladora, questionadora, ansiosa demais. Errou. Jogou-me fora com todas nossas histórias e construções. Nunca dei-lhe o castigo do abandono. Nunca teria sido capaz. Te tornas, então, mais corajoso que eu por conseguir? Ou seria "covarde" a palavra certa? Isso não importa mais. Isso não muda mais nada.
As flores do meu jardim andam florescendo. A chuva anda limpando os estragos. As palavras grudam-se nas paredes demolidas. Ainda dói. Ainda sinto. Ainda sofro. Ainda não durmo bem. Ainda não como. Lembra quando li meu primeiro texto "feminista"? Mesmo detestando a autora, tu concordou na parte "o amor é a maior força que há no mundo mas o tempo é um adversário a altura e com ele, ninguém pode". O tempo. A vida. Vamos culpar qualquer coisa que não nós mesmos.
O povo já se cansou de tanto o céu desabar. Meu coração entregou-se à tempestade... mas a chuva já passou por aqui e eu mesma cuidei de secar.
Deixa pra lá, eu vou. Adeus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário