Faz tempo que não consigo mais desenvolver nada aqui. Esse blog surgiu como um blog de escape para grandes mudanças que estavam a surgir. Foi tão bom quanto esperava - e até mais. Mas como tudo chega ao fim - assim como a principal motivação para o começo - este blog também chegou no seu ponto final. Sem dar tempo, sem dar espaço, apenas deixar aqui, intacto enquanto dure. Claro que eu vou respirar e beber de outras fontes, mas não caberia aqui expô-las. (get your ass out of my new things, your stalkers!).
domingo, 7 de outubro de 2012
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
quinta-feira, 13 de setembro de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
2a.m
"Não tem o que fazer, não tem o que dizer, não tem o que sentir. Sou uma ferida fechada. Sou uma hemorragia estancada. Tenho medo de deixar sair uma letra ou um som e, de repente, desmoronar.
"Não consigo aceitar nenhum tipo de amor porque nenhum tipo de amor me parece do tamanho do buraco que eu me tornei. Se alguém me abraçar ou me der as mãos, vai cair solitário do outro lado de mim.
"Se eu pudesse usar uma metáfora, eu diria que tiraram as rodinhas dos meus pés. Eu deslizava pelo mundo. Era macio existir. Agora eu piso seco no chão, como um robô que invadiu um planeta que já foi habitado por humanos. Mas eu não posso usar metáforas porque seria drama, seria dor, seria amor, seria poesia, seria uma tentativa de fazer algo. E tudo isso seria menos.
"Não briguei mais por você, porque ter você seria muito menos do que ter você.
"Não te escrevo porque nada mais tem o tamanho do que eu quero dizer. Nenhum sentimento chega perto do sentimento. Nenhum ódio ou saudade ou desespero é do tamanho do que eu sinto e que não tem nome. Não sei o nome porque isso que eu sinto agora chegou antes de eu saber o que é. Acabou antes do verbo. Ficou tudo no passado antes de ser qualquer coisa. Forço um pouco e penso que o nome é morte.
"Eu sem nome você. Eu sem nome nós. Eu sem nome o tempo todo. Eu sem nome profundamente.
Tati, é claro.
O que fazer quando definitivamente não se sabe o que fazer
Vou senti falta dessa mesa que não usei o bastante. Vou sentir falta dessas janelas largas que não usufruí o bastante. Vou sentir saudade dessa vista que não olhei cada centímetro com atenção o bastante. Vou sentir falta de coisas que nem me dou conta agora e que, daqui a alguns dias, não terão sido o bastante. As tele-entregas poderão me acompanhar, mas o viaduto não. O movimento continua por perto, mas a avenida não. As padarias existirão, mas a favorita não. Muitas coisas mudam e eu cada vez mais tento aceitar a ideia de que tudo, tudo, completamente tudo muda. Ou vai mudar um dia. Eu não sou a mesma do mês passado e - espero - não serei a mesma mês que vem. As pessoas crescem - ou deveria crescer. As oportunidades surgem. E se vão. Os dias vêm, mas acabam. O Sol bate forte, mas eu preciso terminar minha pauta. As flores cor-de-rosa-digna-de-fotografia caem enquanto eu passo pelo parque que sempre quis entrar e sentar, mas eu preciso voltar ao trabalho. Meu irmão cresce e eu não presencio. O amor reaparece e eu não me agarro. O ódio vem e eu não o mando embora. Sinto forte movimentos pela frente, sinto o fim de um ano completamente transitório chegar, sinto a novidade, o desconhecido, o pânico e o fervor do meu sangue borbulhar dentro de mim. Caminho e penso em sete temas diferentes pra escrever, mas sento e não consigo redigir nem uma frase. Ligo e penso em não ligar, mas só me arrependo depois de dar tchau. Gasto tentando encontrar meu dever de não consumir, mas me faço vítima e doadora da minha própria felicidade de plástico. Encontro novas relações miojo, mas só até o dia seguinte. Tenho super ideias, mas minha boca não consegue abrir nem para bocejar no brainstorm. Quero, mas sei que não posso. Falo sem pensar. Penso sem falar. Sinto sem existir. Vejo onde não há. Como seria possível ter um céu azul, se estou no escuro? Seria possível ainda ser você, se nem eu mesma sou mais eu mesma? Desconheço o território a minha frente, mesmo sendo as mesmas calçadas-com-pedras-soltas de todos os dias. Testo novos sabores, mas me desperta a gastrite. Vou além do que posso e me surpreendo. Sou capaz de ouvir novamente. Sou capaz de ser gentil novamente. Sou capaz de estar aberta a novas coisas novamente. Mas continuo insatisfeita com o background do twitter, a capa do facebook, os namorados apaixonados sempre se beijando na minha frente, as velhinhas demoradas na fila, a fila do banco, a monitora da minha turma, os porteiros do meu prédio, as pedras soltas na rua, o frio, a solidão, a azia, a gastrite, a comida, a corrida, as cores, os amores. Percebo que foi e continua sendo mais fácil reclamar, mesmo sendo verdadeiramente grata às conquistas que eu mesma ganhei, que eu mesma desbravei, que eu mesma venci. Bato forte no peito o orgulho de ser quem eu sou, do jeito que sou, do tamanho que sou, na verdade que sou, pelo fato de ser a cada dia mais forte, pelo fato de ter chegado ao ponto de que as únicas pessoas que quero surpreender são meus pais e meu chefe. Eu só ainda não posso responder do que é feita a vida, mas posso dizer o que a vida fez de mim.
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quarta-feira, 29 de agosto de 2012
terça-feira, 28 de agosto de 2012
quarta-feira, 22 de agosto de 2012
3
Não consigo entender
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo é muito comprido
A morte não tem sentido
Teu olhar me põe perdido
Não consigo medir
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo, quando é que cessa?
A morte, quando começa?
Teu olhar, quando se expressa?
Muito medo tenho
Do tempo
Da morte
De teu olhar
O tempo levanta o muro.
A morte será o escuro?
Em teu olhar me procuro.
Paulo Mendes Campos
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