sábado, 31 de dezembro de 2011

The End.



2011 foi um ano de fins. E olha só que ironia: o próprio fim dos fins! Eu gostaria que muita coisa tivesse sido diferente, mas já sei que, sem meus erros, não teria adquirido tanta experiência e vivência. Apesar de fins lamentados, há um que permanece pulsando dentro de mim, mesmo após o fim.

Que 2012 seja um ano de começos. Começar a amar mais, viver mais, ler mais, cuidar mais - de si, de quem se ama, do que se quer - e, principalmente, agradecer mais, afinal, você está aqui. E livre.

Viva!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011



Parecendo que o dia principiava uma ponta de nostalgia, mas já era um outro alguém chegando. A voz não tava clara, pressentimentos são confusos como violão que desconhece a melodia. Era como se precisasse elaborar antes de tudo, o sentimento que ela ia trazer, aquela voz. Então, ela determinou com a convicção de alguém que quer parar de beber, de sofrer, de fumar, de comer carne ou de qualquer coisa que incomode de algum jeito, que seria apenas saudável e recíproco. Tava cansada dos olhos afogados na ausência de um perfume ou de uma espécie de lirismo estúpido, como sempre.(Percebeu o final do sufoco na mudança do foco). O que o dia queria dela, trazendo as cores do olhar do passado? Não queria mais aquilo. Tava cansada. Ficou lembrando cenas que nem quis contar porque deu raiva. Que se assim o fim, melhor que assim o fosse. Mas sabia mesmo é que o verde que viria, reflorestaria aqueles olhos de imensas esperanças. Achou boa a sensação que a imagem trouxe e guardou num gesto: fez um movimento de mãos no ar e trouxe pro peito. Sorriu e calou. (E os olhos permeados do mistério bom).


Marla de Queiroz









Estou segura de que existem tempo e surpresas suficientes para que as coisas tomem um rumo mais conveniente, ou pelo menos, justo. Eu me comprometi com o meu melhoramento e isto implica num escancaramento do peito pra enfrentar a vida com sensatez, sem exacerbar ou supervalorizar o desconforto. Então, eu amplio o meu coração para que a gratidão de poder cumprir minha missão com todas as adversidades, apesar e por causa delas, tome conta de todo o meu ser. E que reforce em mim a ousadia e a coragem.
Que nada me tire o poder de criar. É só o que peço. O resto eu agradeço larga e profundamente…

            Marla de Queiroz 



terça-feira, 20 de dezembro de 2011









XIV

Lilases, Túlio, celebremos
O estarmos vivos, milagre
A que os demais assistem
Distraídos, e nós amantes
Nos sabemos perplexos
Floridos e vorazes
Diante deste banquete.
Vívidos, Túlio, celebremos.
Ao rei dos reis, o poeta pede
Paixão-Eternidade, Virtude
Da Razão, ainda que aos vossos olhos
Tais nobrezas a princípio pareçam
Coisa irreconciliável

Mas o difícil em nós
Se faz ilhaneza, porque o poeta
Pede à divindade. Ouro mais raro
É ouro permissível, se no abismo
Em que vive, coexiste
O envoltório do amor. em nós
Convivem, Túlio, os dúplices
Difíceis. Abracemo-nos. Celebra.
Enquanto estamos vivos.


(Árias pequenas - para bandolim, de Júblio Memória Noviciado da Paixão - Hilda Hilst)


Green Attack









Blackbird singing in the dead of night,
Take these broken wings and learn to fly.
All your life, you were only waiting for the moment to arise.


Blackbird singing in the dead of night,
Take these sunken eyes and learn to see.

All your life,
You were only waiting for the moment to be free
.Black bird fly, black bird fly
Into the light of the dark black night.





Sem tentativas, só lembranças.



Dez decisões moldam minha vida, despois desse aniversário, a perspectiva mudou muito. Até mesmo sobre coisas que se manteram diferentemente iguais. Mas eu sinto-me consciente apenas sobre cinco delas. Sete maneiras de ir para a faculdade, mesmo que  eu seja notada ou deixada de fora. Ainda são as sete maneiras de ir em frente, sete razões para não visitar sem avisar.

E eu digo, mesmo depois de tanto, eu posso me ver em teus olhos... mesmo que eu saiba que a tua resposta seria "eu posso te ver em minha cama". Não é só amizade, é também romance mas você não gosta de dizer que sim. Nem que não. Permanece fingindo e fugindo. Mesmo que goste de música, se recusa a dançar comigo.

Me sente.
Me cale.
Eu vou me acalmar.
E eu começarei junto com você.

Tá bom. Existe um momento que todos nós falhamos, ou, talvez, muitos. Algumas pessoas levam isso muito bem, ou fingem que levam. Outras descontam tudo isso nelas própias - o que talvez seja nosso caso. Outras, descontam simplesmente nos amigos - o que é o seu caso só. No fim, todo mundo joga o mesmo jogo e se se escolhe não jogar, pira. Acontece que não, não é mais seguro. Nos perdemos nessa de tentar nos perder. Seria o que? Medo de se encontrar? De me encontrar? De perceber que meu devaneio era mais racional que seu coração gelado?

Todo mundo estava bem vestido. Todo mundo estava uma bagunça. E você estava mais presente por estar ausente. Ah, todas as garotas fazem jogos psicológicos - ainda não aprendeu? Quer mesmo permanecer se machucando? Por que não experimentar de tudo? Se você só lembrará de tudo uma vez.


Somos três. O que, na verdade, é apenas um. Eu, você e ele. Nós. O que nos torna tudo. 
E nada.



Love Hurts







Apenas pare de se machucar,
Dizendo para não tentar, que algum dia… vai passar.
Porque te enganas?
Porque não me chamas?
Se as chamas desse mistério, apagou.
Cinzas,
Aqui restou.
O vento entrou, ficou, soprou.
Nada sobrou.


rafael iotti


domingo, 18 de dezembro de 2011

E sobre a festa do meu aniversário?








New Rules




To every thing, turn, turn, turn,
There is a season
And a time to every purpose under heaven
A time to be born, a time to die.
A time to plant, a time to reap.
A time to kill, a time to heal.
A time to laugh, a time to weep.
A time to build up, a time to break down.
A time to dance, a time to mourn.
A time to cast away stones
A time to gather stones together.
A time of love, a time of hate
A time of war, a time of peace.
A time you may embrace.
A time to refrain from embracing.
A time to gain, a time to lose.
A time to rend, a time to sew.
A time to love, a time to hate.
A time for peace, I swear it's not too late.


quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

último dia




Amanhã será 16 de dezembro de 2011 (JÁ!). Amanhã será meu aniversário. 20 anos. Um amigo meu me disse que a parte mais triste é nunca mais ter "deze...", talvez a tristeza venha por essa fase DEZ... ter passado. Esse ano foi intenso, como todos os anos da minha vida já foram. Mais dois semestres na faculdade. Mais um emprego que se foi. Mais novas entrevistas que vieram. Mais um namoro que chegou ao fim. Muitos amigos feitos pelo caminho. E bons, muito bons. Perdas e ganhos. Conquistas e derrotas. Como sempre foi, sempre será. Ganhei uma carta ontem, quase anônima, ironizando o quanto tudo sempre é mais difícil e melodramático pra mim, mas me lembrando o quanto isso me torna mais forte - e louca, achando que infinitas-possibilidades é filosofia de vida. E não é? 

O que começou com um verão daqueles inesquecíveis, passou por problemas financeiros (que permanecem), por show mais esperado de todos, punk como way of life, sextas geladas em um bar molhado terminando em muito chororô de bossa-nova. Me abracei em Maysa e Amy, chorei pela dor de nós três. Alguém me disse que era preciso exorcizar a dor e, certamente, mpb nunca foi tão salvadora da pátria. "Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor", aprendi a respeitá-la. Aprendi a não desistir. Aprendi que era melhor deixar ir. A perda, o fim, o escuro da solidão me fez cair ao mesmo frio relento do qual já provei, mas, também, me fez dar passos maiores que meus próprios sonhos. Me descobri mais madura e mais forte, sim. Descobri que o mundo lá fora realmente existe e é muito melhor do que eu imaginava. Descobri o Rio. Descobri o carioca. A praia, o suíngue até no jeito de olhar. Descobri que as possibilidades podem virar realidades e que experiências são melhores do que materialismo.

Perdi o rumo. Perdi o norte. Perdi a cabeça. Bebi, mesmo sem saber. Fugi, mesmo sem ter pra onde. Voltei, mesmo não devendo - mas só pra pegar minhas coisas e ir embora. Aceitei meu caso sério comigo mesma. Fiz um novo blog. Conheci novos timbres. Novos rostos. Novos braços. Mas a tristeza não tem fim, felicidade sim. Olhei de novo e percebi que não merece o afago nem de Deus nem do Diabo. Saí correndo. Antes tarde do que nunca

Laços feitos e desfeitos nunca foram tão intensos. Principalmente os feitos. Construí uma nova família, com Muito Amor. Conheci a franqueza de um Chuck, o idealismo de um Bass, a improbabilidade de um Bobby, a inocência de um Tony, as novas galáxias de um astronauta. Aprendi a rir da própria Psicose, me virar na própria via láctea, que não tinha nada de Wonderland. Irmãos nunca foram tão Hermanos. Fotografias, tão detestáveis, a capacidade de guardar momentos só pra mim tornou-se um privilégio acordado com a minha eternidade. Marthas, Tom, Joãos, Natálias, Clarices, Iottis, Chicos... nunca estiveram tão certos.

19 anos. Continua sendo a lei da selva, Dibob, mas com a vida mais wild.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Veja bem de cara nova (de novo!)








i'm watching you!

Teu Nome É: Ba-ba-ca









"Já faz quase três anos", ele disse, num tom simpático. "Não é possível que você ainda tenha raiva de mim!"


"Bom...", tentei contra-argumentar, "não é que eu não goste de você... mas odiar é uma palavra forte, você não acha?"


"Como assim, eu não falei odiar."


Prossegui, sem prestar muita atenção no que ele dizia: "Ninguém aqui tá falando de nojo. Eu não sinto ânsia de vômito toda vez que alguém menciona seu nome numa conversa de bar."


"Quê?"


"Não é que eu olhe pra você e queira socar essa sua cara estranha e desproporcional até ela ficar ainda mais estranha e desproporcional, se é que isso é possível. Quer dizer, eu disse em algum momento que sentia vontade de cuspir em cima de você, com catarro e tudo? Peraí também, né?! Vamos ser sensatos. Não é como se eu desejasse que seu corpo entrasse em algum tipo de combustão interna e você explodisse e começasse a pegar fogo do nada. E depois você ficasse correndo de um lado pro outro, em chamas, urrando de dor, feito um demente dos infernos, que de fato você é. Seu demente dos infernos."


Ele ficou mudo.


Eu sorri e dei dois tapinhas em seu ombro, como quem diz "desejo tudo de melhor pra sua vida". Vocês sabem, não sou de guardar rancor.




via, claro, Adorável Psicose


Green Green Green



É verde por todos os lados. Por natureza, simples, único, incomparável. Por genética, charmoso e lindo. Pela beleza, por dentro e por fora. Pela cultura que mais ninguém tem. É tão singular que, às vezes, preciso beliscar-me para atestar minha realidade - apesar de meus sentidos sempre estarem perdidos quando estamos em contato. Por ser madrugada, por ser bom demais pra ser verdade. Estamos envolvidos pelos mesmos ideais e pela mesma distância, que quase desaparece em tanta semelhança. Uma nuvem, que nos faz emergir e sobrevoar nossos cotidianos, também verde, não nos deixa esquecermos um do outro. Não nego que seja déjà-vu e também não estou me referindo à situações recentes... falo em outros tempos, coisas até não vividas, ou sim, mas impossíveis de se comprovar. Só nós podemos dizer que isso é verdade. Só nós podemos acreditar. Só nós. Inseridos em mundos tão diferentemente iguais. E não poderia ser diferente. Não comigo. Afinal de contas, um amor impossível só se cura com outro. Igual. Impossível.







quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Morro de Amores



Leblon Nov/2011     |      Do meu Instagram


O Rio. Têm crianças nas praças e praças no morro. Morro de amores. Rio da leveza desse povo, carregado de calor e de luta, povo bamba, que cai no samba, dança o funk e tem suingue até no jeito de olhar. Tem balanço no trajeto, no andar. Andar de cima, tem a música tocando. Andar de trem, tem gente em cima equilibrando. Andar no asfalto os carros quentes vão passando. Andar de baixo tem a moça no quintal cantarolando. Rios e baixadas, com seus vales vale a pena. Sua pobreza é quase mito quando fito o seu contorno, lá do alto de algum dos seus mirantes, que são tantos(!!!).E quem te disse que miséria é só aqui? Quem foi que disse que a miséria não sorri? Quem tá falando que não se chora miséria no Japão? Quem tá pensando que não existem tesouros na favela? Seus santos são fortes. Adoro o seu sorriso. Zona Sul ou Zona Norte, seu ritmo é preciso. Então tudo passa a valer a pena e a alma já não é mais tão pequena


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011


Ne me quitte pas
Je ne vais plus pleurer
Je ne vais plus parler
Je me cacherai là
A te regarder
Danser et sourire
Et à t'écouter
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L'ombre de ton ombre
L'ombre de ta main
L'ombre de ton chien
Ne me quitte pas.


domingo, 4 de dezembro de 2011






só quero isso. e sozinha.



A afetividade torta





Acho que o maior problema dos relacionamentos contemporâneos é da ordem gastronômica. Da forma como eu vejo - e talvez esteja influenciada pela fome da madrugada - as pessoas são como grandes tortas de sabores variados. Algumas a gente bate o olho e já sabe que vai gostar, às vezes só pelo cheiro. Outras vezes, a gente segue a intuição e só depois descobre que é alérgico a nozes, ou pior, que a torta em questão curte sertanejo universitário.
Mas, ao contrário do que você possa estar pensando, o problema dos relacionamentos contemporâneos não reside no fato de que somos tortas gigantes. Tortas são bonitas e gostosas, na grande maioria das vezes - exceto nas festas de aniversário em escritórios no centro da cidade. A tristeza da coisa está na constatação de que estamos vivendo uma espécie decomidaaquilorização da afetividade. Isso significa que, devido a alta oferta de tortas no mercado, ninguém consegue se focar em apenas um sabor.
O que temos hoje é uma porção de tortas sendo vorazmente garfadas e deixadas de lado, aos pedaços, disformes, tristes. Todo mundo quer um pedacinho de torta, uma fatiazinha fina do tipo "estou-de-dieta-não-quero-muito". Tem sempre alguém querendo dar uma mordiscada, uma lambidinha, uma passadinha de dedo marota. O que ninguém quer - ou tem coragem de fazer - é arriscar e levar a torta inteira para casa.
E essa é a grande lástima da nossa geração. Estamos acostumados a tirar lasquinhas de várias sobremesas e levar à balança do restaurante para pesar. É a insustentável leveza da torta mousse de chocolate e do cheesecake de framboesa. Estamos acostumados a ter muitas, muitas opções de comida. E de pessoas. Conheço gente que tem mais de 1.000 amigos no Facebook. Como se alguém fosse fisicamente capaz de ter mil amigos.
E qual é o resultado disso? Tortas garfadas e destroçadas, sem lugar cativo na geladeira de ninguém, vagando por aí, pelas noitadas, pelas festas, tristes, tortas. E, pouco a pouco, elas vão perdendo a doçura. Vão se tornando descrentes, azedas, estragadas pelo ataque dos garfos despretensiosos.
Somos tortas. Claro que somos comidas. Mas o que eu queria mesmo era experimentar a sensação de ser a preferida de alguém. Aquela que é levada dentro do pacote - o pacote completo, com todos os defeitos e qualidades, com todas as garfadas sofridas, com tudo aquilo que faz de mim a torta gigante que eu sou. Estou farta de me pedirem pedacinhos. Quero ser levada por inteiro.